Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2023 do livro Internacionalização de empresas: teorias e aplicações, publicado em 2013 por Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira, pela editora Saint Paul.
Logística internacional
“A empresa no modelo global é aquela desenhada para produzir e comercializar produtos padronizados em países diferentes por meio de suas subsidiárias e filiais”. Madeira e Silveira (2013, p. 19)
Conhecendo a visão estratégica das empresas dentro do cenário de internacionalização de negócios, existe a necessidade de aprofundamento nos temas de negociação de termos comerciais chamados de incoterms, preparação da carga, escolha do modal de transporte, previsão de custos de cadeia de distribuição fiscal internacional, estabelecimento das tendências de terceirização em logística, da conceituação de transporte multimodal, dos caminhos da logística internacional e o impacto e atuação dos recursos de tecnologia e sistemas de informação e comunicação. Veja, caro leitor, que não apenas a tecnologia da informação oportunizou o desenvolvimento de um mundo globalizado de forma mais acentuada neste século XXI, mas também as novas possibilidades de distribuição e logística dos produtos e serviços, naturalmente impactados pelas tecnologias e pelos sistemas de informação.
Leia o artigo: Incoterms: uma perspectiva de uniformização da regulamentação do comércio internacional, escrita por Ellen Galliano de Barros.
"Incoterms: uma perspectiva de uniformização da regulamentação do comércio internacional"
Link: http://bit.ly/3425. Acesso em: 26 dez. 2022.
Os benefícios da gerência logística vêm sendo difundidos pelos exemplos de grandes empresas, principalmente do varejo por todo o mundo. Como exemplo, temos a Wal-Mart e a Benetton, que através de sistemas de armazenamento, estocagem, distribuição e transporte acabaram por reinventar o setor de logística em seus ramos de atuação.
Segundo Vasconcelos (2017, p. 270), “logística é a área da administração que absorve mais de 30% da receita das empresas". Atividades gerenciadas incluem processamento de ordens de compra ou de serviço, transporte, estoques, aquisição, armazenagem, manuseio de material, embalagem, padrões de serviços pós-venda e produção. ”
Perceba, caro leitor, que se torna necessário defender mais a orientação proativa e estratégica ante as mudanças que a atividade logística empresarial causa e ressaltar que os gerentes de logística são responsáveis em implementá-las. Se a logística local, regional ou mesmo nacional já representa um desafio importante e de alto impacto em custos para uma organização, a logística internacional enaltece a importância do planejamento estratégico a ela atrelado.
Ainda segundo Vasconcelos (2017), as atividades logísticas são básicas para organizações e instituições, embora a logística empresarial seja ampla e representada pelos métodos de gestão da administração tradicional, focada em operações de compras, produção, transporte e marketing, assim como disciplina de apoio, como estatística, pesquisa operacional e comportamento organizacional. A polêmica conceitual tem início com a diferença entre a logística internacional versus a distribuição física internacional, que é mais extensa de atividades de transporte do polo produtor do país de origem até as atividades de marketing e distribuição interna no país de destino.
Vejamos algumas denominações de operações de logística, apresentada por Vasconcelos (2017):
ILS (Integrated Logistics Support): logística integrada, atividade disciplinada, interativa e unificada que gerencia atividades técnicas para definir, desenhar, adquirir e oferecer suporte na fase operacional, composta pelos elementos: planejamento da manutenção, força de trabalho e pessoal, suporte de suprimentos, suporte de equipamento, dados técnicos, treinamento e suporte de treinamento, suporte em recursos computacionais, facilidades, embalagem, manuseio, armazenagem transporte e desenho de interface.
ECR (Efficient Consumer Response): estratégia industrial na qual distribuidores e fornecedores dão mais valor ao consumidor, trabalhando a eficiência em toda a cadeia de suprimento, em vez de eficiência individual. Seus princípios são: foco permanente no provimento do valor ao consumidor; conduzir o ECR ao lucro; informações precisa e no tempo exato que apoiam decisões efetivas de marketing, produção e logística; maximização dos processos de adição da produção ao consumidor e como os produtos devem fluir; medidas de desempenho comum consistentes com o sistema de recompensa e, por fim, o SCM (Supply Chain Management) como sistema de gerenciamento da cadeia de suprimentos.
A integração entre sistemas de gestão empresarial, chamados de ERP (Enterprise Resource Planning) e o SCM (Supply Chain Management) é importante neste contexto, considerando a integração dos sistemas e dispositivos de tecnologia da informação para o gerenciamento de todo o processo logístico. Alia-se também a estes dois sistemas integrados, o CRM (Customer Relationship Management), trazendo o cliente junto aos sistemas integrados e a uma gestão mais próxima das operações internacionais das empresas. O conceito de integração de sistemas irá abarcar: a cadeia de compras e suprimentos, a gestão da distribuição física, a logística, a gestão de materiais e a gestão da cadeia de suprimentos como um todo. Veja que a cadeia de compras e suprimentos tem a função que lida com a interface unidade produtiva versus seus mercados fornecedores, estabelece contratos com fornecedores para adquirir materiais e serviços. Inclui a gestão, a distribuição física, a gestão de materiais e a logística.
Comércio internacional não é mais a expansão de multinacionais, tampouco a avalanche de exportação americana, europeia e asiática, nos lembra Vasconcelos (2017). As empresas internacionais passam por conflitos enquanto tentam convergir objetivos diferentes de pesquisa e desenvolvimento, produção e marketing e proliferar seus produtos e serviços em mercados internacionais. Faz-se necessário então apoiarem-se no conceito de Global Sourcing.
Vasconcelos (2017, p. 294) relata a essência empresarial compõe-se de atividades inter-relacionadas, integrando atividades primárias e de suporte com pesquisa e desenvolvimento, produção e marketing, atividades e essas que possuem interfaces que precisam ser examinadas de forma holística, considerando dificuldades práticas em estabelecer fronteiras exatas entre elas, limites esses chamados pelo autor de estratégias de Global Sourcing. Estas estratégias irão se preocupar com interfaces de pesquisa e desenvolvimento, produção e marketing em base global; logística, identificação de mercados e unidades produtivas; interface de pesquisa e desenvolvimento com o produto relacionados a inovação, design, inovação no processo de fabricação, fornecimento de componentes, padronização de produtos e componentes, modificação no produto, desenvolvimento de produtos e posicionamento do produto. A figura apresentada a seguir demonstra diferentes estratégias de sourcing que precisam ser consideradas na gestão de logística internacional.
Figura 3 – Estratégias de sourcing
Fonte: Vasconcelos (2017, p. 299)
Por fim, é necessário também observar que deverão haver diferentes tipos de sourcing e também impactos diferentes na competitividade dentre as empresas internacionalizadas.
Assista o vídeo: O canal do Panamá, disponibilizado pelo canal Nerdologia
"O Canal do Panamá | Nerdologia"
Link: https://youtu.be/t2hbA10pNlQ. Acesso em: 23 dez. 2022.
A tecnologia da informação avança e as transformações organizacionais acompanham suas tendências para manter as empresas competitivas no mercado. Vasconcelos (2017, p. 311) nos ensina que “os impactos nos funcionários mudam a forma como as empresas negociam. Em logística, crescer é sobreviver. A clientela não aceita mais que o transporte da encomenda urgente não possa ser rastreado da origem ao destino pela internet, ou que a carga de remédios venha por empresa rodoviária que não disponha de rastreamento por satélite”. Esta é apenas uma das novas exigências do consumidor em um mercado tecnologicamente conectado.
Neste contexto, algumas tecnologias da informação e comunicação precisam ser inseridas no planejamento estratégico para operações internacionais. Vejamos algumas tecnologias da informação e comunicação para compor a estrutura de gerenciamento da cadeia de suprimentos e conectá-la aos investimentos em informatização e comunicação a seguir.
Integração e flexibilidade: considerar a flexibilidade no desenvolvimento de sistemas corporativos modernos, relacionado à capacidade de sistemas adaptarem-se às mudanças constantes e inovações permanentes.
EDI (Eletronic Data Interchange): relaciona-se aos sistemas de informação que suportam a troca eletrônica de dados na cadeia de distribuição ou entre unidades fisicamente separadas da mesma empresa, como um centro de distribuição supermercadista e suas lojas. Podem ser interativas, intercâmbio de dados comerciais, transferência eletrônica de fundos e intercâmbio de dados técnicos.
Hardware: observar as tendências de modernização e desenvolvimento de hardware computacional, com menores tamanhos, maior velocidade de processamento e customização de preços. Observar o contexto de Internet das Coisas ou IoT como elementos que auxiliam a logística e controle de produtos em processos de transporte, carga e distribuição, como forte tendência tecnológica defendida por Ismail, Malone e van Geest (2019).
Tecnologia de comunicação: considerar redes de comunicação de dados e a Internet com a infraestrutura de transação de dados e suporte ao EDI. Verificar tecnologia in-cab que equipa cabines de veículos de distribuição de entrega e comunicação via rádio para acompanhamento de geoposicionamento e gestão do fluxo de dados.
A gestão da cadeia de suprimento, chamada de SCM (Supply Chain Management) representa um conjunto de soluções usadas para gerenciar os fluxos de bens, serviços, informações e finanças de uma cadeia produtiva, desde a entrada da matéria-prima até a entrega do produto final ao cliente. Para Laudon e Laudon (2014), a cadeia de suprimentos de uma empresa é uma rede de organizações e processos de negócios para selecionar matérias-primas, transformá-las em produtos intermediários e acabados e distribuir os produtos aos clientes. Seu objetivo é reduzir o tempo de ciclo operacionais e inventários, otimizando a logística e oferecendo um serviço mais competitivo.
Um sistema SCM permite que uma empresa entregue um produto de qualidade a partir de um custo de produção baixo, pela customização e gestão da cadeia de suprimentos, que, por sua vez, é formada por uma rede de empresas e processos para selecionar matérias-primas, transformá-las em produtos intermediários e distribuir os produtos acabados aos clientes, ressalta Belmiro (2012). Um SCM possui três características importantes: agilidade para organização da cadeia de fornecimento de produtos e serviços; alinhamento para garantir compartilhamento das informações e adaptação para acompanhar as tecnologias atuais utilizadas pelas organizações.
Nesta aula, você aprendeu que que se torna necessário defender mais a orientação proativa e estratégica ante as mudanças que a atividade logística empresarial causa e ressaltar que os gerentes de logística são responsáveis em implementá-las. Se a logística local, regional ou mesmo nacional já representa um desafio importante e de alto impacto em custos para uma organização, a logística internacional enaltece a importância do planejamento estratégico a ela atrelado. Duas denominações de operações logísticas internacionais são importantes: ILS (Integrated Logistics Support) e ECR (Efficient Consumer Response). A integração entre sistemas de gestão empresarial, chamados de ERP (Enterprise Resource Planning) e o SCM (Supply Chain Management) é importante neste contexto, considerando a integração dos sistemas e dispositivos de tecnologia da informação para o gerenciamento de todo o processo logístico. Alia-se também a estes dois sistemas integrados, o CRM (Customer Relationship Management), trazendo o cliente junto aos sistemas integrados e a uma gestão mais próxima das operações internacionais das empresas. Importante também é observar algumas tecnologias da informação e comunicação para apoio à logística internacional: integração e flexibilidade; EDI (Eletronic Data Interchange); hardware e tecnologia de comunicação.
Referências
Bibliográficas
Belmiro, J. N. (2012). Sistemas de informação. São Paulo: Pearson.
Cruz, Tadeu. (2019). Sistemas de Informações Gerenciais & Operacionais: tecnologias da informação e as organizações do século XXI. 5. ed. São Paulo: Atlas.
Ismail, Salim; Malone, Michael, S.; Geest, Yuri. (2019). Organizações exponenciais: por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito), Rio de Janeiro: Alta Books.
Laudon, K.; Laudon, J. P. (2014). Sistemas de informações gerenciais. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall.
Madeira, A. B.; Silveira, K. A. G. (2013). Internacionalização de empresas: teorias e aplicações. São Paulo. BR: Saint Paul.
VasconceloS, M. A. S. (2017). Manual de comércio exterior e negócios internacionais. 1. ed. São Paulo: Saraiva.
Livro de Referência:
Internacionalização de Empresas: Teorias e Aplicações
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira
Saint Paul, 2013